terça-feira, agosto 21, 2007

Festival Músicas do Mundo de Sines

Estar de férias é bestial. Acabei o último exame e juntei-me aos restantes membros da lista P (ver http://listadapinga.blogspot.com/ - porque Ser diferente é Ser igual aos outros) e à princesa guerreira e rumámos a Sines para o festival músicas do mundo - http://www.fmm.com.pt/. Atestámo-nos de provisões e fluidos refrescantes veraneantes, vulgo cerveja, e fizemo-nos à estrada.
Vamos lá então arranjar poiso no parque de campismo recomendado pelo Broncas, o qual nos foi confirmado que teria vagas até às 23h, mas qual não é o nosso espanto quando lá chegamos pela hora de jantar, e na recepção nos informam que está lotado…aliás lotadíssimo que é bem pior; Heitz…e agora? Acampamento selvagem à noite? Dormir no carro? Não dormir sequer? Nada! Valeu-nos o Nuno, que nos arranjou lugar na casa da irmã que trabalha em Sines. De repente de sem-abrigo a montar tenda no terraço de uma qualquer casa em terras sineenses foi uma cerveja de distância.
Melhor ainda é podermos ir a pé para o festival e após a proteína vitaminada de um belo cozido de atum, grão e sei lá mais o quê, assim o fizemos. Djemberia com fartura, churros, danças, freakalhada, a sede do PC a servir bifana…êxtase. Às 2.30 da manhã tocaram os LA ETRURIA CRIMINALE BANDA de Itália (imagem em baixo)…muito bom, daquelas audio-salganhadas para pular e bailar. Foi até de manhã…










Estafados da caminhada, chegamos a casa prontos para a caminha, prontos para a tendinha mas heitz! “ ’Tá um gajo na tua tenda ò Xanado” e estava mesmo: com os pés de fora calçados numas sandálias franciscanas. Eh diabo, “Mas quem és tu c@*§!” e depois de o (quase) acordar, o energúmeno lá se arrastou para o sofá lá dentro. “Sou o Alfabeto” foram as suas últimas palavras antes de apagar. “Mas o que é isto! Este gajo tem é que ir varanda abaixo” disse um Tibas qualquer, mas parece que o gajo era mesmo conhecido da irmã do Torién (não sei se é assim que se escreve) o Nuno (este também é cá uma peça…). No dia seguinte acorda tudo ressacado, uns por não dormirem (o Nuno ressona) outros porque são resmungões quando acordam (cof cof) e o alfabeto também acordou. “Então de onde é que és, Alfabeto?”, “O meu é nome é Nuno pá! Eu sou de todo o lado” “Posso beber do teu leite”, força…e o gajo bebe-me do pacote. Lá se foi a pasteurização. Que incongruência. Depois descobrimos que o alfabeto foi o gajo que andou a brincar com malabares e fogo lá em baixo ao pé da igreja e que é palhaço. Que personagem... O resto da manhã foi passada a boiar não literalmente, depois lá saímos da letargia acompanhada de cefaleias e batalha naval, que isto de acampar sem espetar umas espias não é nada. Então fomos para a ilha do pessegueiro.

Um descampado muito bem localizado ao pé da praia do pessegueiro, qual campo militar, a zona de tendas era a bela e quente vastidão de solo duro sem árvores, fantástico para acordar cedo com sauna incluída…dentro da tenda! Controle, zero! Até andámos a reinar com o sistema de fecho da barra de entrada…enfim, boiar de pé. Por uma razão qualquer levámos os carros lá para dentro. Ah! espera, era para pormos lona das obras a cobrir as tendas numa operação arquitectónica sem precedentes que consistia em colocar os carros nas extremidades das tendas e prender aí a lona. Resultados práticos: nada. “Vai tudo correr bem”, e o pior é que os carros não podiam entrar depois da meia-noite, só ás 7 da matina. Sem problemas dado que sábado era o fim do festival e a apoteose seria concerteza duradoira. Assim sendo, fomos para a praia boiar literalmente, 5 num swifer comercial (in)devidamente acondicionados e os restantes no carro do Broncas, o rei dos dardos sineense. Um Banho de algas (obrigado xanado) e a ocasional bejeca depois lá nos fomos aperaltar então para uma jantarada outra vez na casa da Raquel, irmã do Nuno (alfabeto!!!) e atestámo-nos mochilisticamente de fluidos refrescantes veraneantes que isto de ser estudante apela á contenção de custos, mas não de passar sede. E o Bitoke ainda sem tocar numa cerveja, ZERO! Eu sei que este conto já começa a parecer ficção…mas não meus caros, falo a verdade.
A noite até começou mal, pois aqui os jovens inexperientes do FMM não se lembraram de comprar bilhetes com antecedência, e dado que se tratava da sua derradeira noite de concertos, o inevitável aconteceu: bilhetes para os Gorgol Bordello no castelo estavam esgotados e as ruas estavam repletas de calças à Aladino, rastas e chinelo de couro num espreme-espreme descomunal…e nós sem bilhete para o cerne, para o crème de la crème da noite. Já conformados com a ideia de ver o concerto num dos inúmeros ecrãs gigantes espalhados por Sines (organização fantástica!) eu e o Mring (Manuel com 5 letras) lá fomos aliviando as mochilas do seu peso juntamente com o resto do pessoal, quando por acaso o Jaime que não é Jaime, é André dos piercings por todo o lado, amigo do xanado me vendeu o bilhete dele porque não lhe apetecia ir. Assim o Manel podia ir, “ah e tal, não vou, vendemos isso e ‘tá-se bem” bla bla, com Zecos Lecos (copyright Kapinha e o seu cabelo maravilha) e um par de costas de mão no lombo lá foi ao sítio e seguiu para o castelo ver os gypsy punks. Noutro golpe do acaso, um amigo da Xena (Sherah Sherah!) tinha um cartão de saída para voltar ao castelo…assim também eu podia ir ver os malucos do punk cigano, lindo!! Não sei antes ver o fogo-de-artifício e levar com fragmentos de detritos de cenas que me iam caindo em cima durante o espectáculo. E fui…e foi lindo…dancei por todo o lado, fui avançando para ver se encontrava o Manel num recinto com sei lá quantos milhares de pessoas…qual Wally, qual Manel, não encontrei ninguém, mas curti o ritmo contagiante do Eugene Hütz e a sua banda frenética, os Gorgol Bordello que até cantaram, vejam lá vocemessês, “Em cima, em cima, em cima, sempre assim! em baixo, em baixo, em baixo, sempre assim!”. Tão cedo não vou esquecer tamanho espectáculo, 5 estrelas do além por detrás de sol posto.



Ufa, vamos lá descansar um bocadinho a discutir assuntos mundanos, as políticas de saúde do Sócrates e o atentado à profissão, mas espera!! Vai começar Señor coconut and His Orchestra, no palco ao pé da praia!! Tra la ra, my love…CHA CHA CHA…

Mega banda de fatinho, pareciam acabadinhos de sair do casino, com dois xilofones em palco, instrumentos de sopro, mas depois eram covers de Sade (Smooth operatooooor!), The Doors (Riders on the storm) latino, o incontornável Michael Jackson (Beat it, Beat it!!) muita salsa, merengue, cha cha cha! À Xena só faltavam os véus e a mim o jeito para dançar, mas isso não deteve ninguém, nem aos pés de quem ia pisando.


Depois kusturicada, skazada, reggaezada…enfim, non-stop. Só sei que às 7 da manhã a marginal ainda estava cheia, nunca tinha visto nada assim…inolvidável.
A caminho do carro íamos levando uma presuntadas de uns pretos armados aos cucos que cometeram a indecência de chamar palhaço do c@*§ a um de nós, o que vale é que eram uns 3 ou 4 e quase do tamanho de armários, mas o Nuno não queria a sua dignidade ferida e foi para cima dos gajos!! MAS que é isto? Se não o puxássemos dali para fora ainda estávamos a contar os dentes do chão a esta hora…mas não se passou nada, ele só levou uma sapa ou duas. Enfim…vamos mas é para o parque.
Às 8 da manha entramos no parque, já com uma brasa um pouco agreste, mas com o cabeção e fasay (= fadiga) que já levávamos em cima adormecer não foi problema…o pior foi que às 10 da manha dentro de uma tenda ao sol plantada no dia mais quente do ano ou perto disso, em pleno Alentejo já boiávamos no nosso próprio suor. Epá doeu, aquilo já foi sofrer mas gostei particularmente da ironia que se seguiu, que foi eu querer ir tomar um banho aos chuveiros para refrescar e só ter água quente!! Eh diabo, saíste das profundezas do inferno para me atormentar ou quê? Que é isto?? Tive água fresca durante 1,5 segundos e depois parecia lava a cair-me em cima…Em seguida, vai de arrumar as tendas, o festival já acabou por isso nada nos impede de ir dar um pezinho a Vila Nova de Mil Fontes, isto por volta do meio-dia. À chapa do sol!! Viva o ar condicionado. E não é que à terceira acertámos…um parque de campismo brutal, com árvores, com sombra. Lá acampámos no alvéolo 125 e ali assim, repousámos, pelo menos até descobrirmos que a imperial no café/restaurante do parque era a 55 cêntimos…e pronto, o resto é história.
Daqui partiu uma comitiva para o sudoeste onde parece que Manu Chao avassalou. Um grande bem haja a este meus amigos e uma especial dedicatória à Xena, que isto de aturar 6 gajos, 5 deles bêbados dia e noite tem o seu quê de incongruência.