quinta-feira, junho 29, 2006

Psicadelismo

A saúde é tema total, nele se ramificam as questões da condição humana, esse eterno desconhecido. A morte já foi falada anteriormente, por isso só nos resta a vida. Nós queremos vida, por isso procuramos por todos os meios mantê-la para usufruir dela.
Descobrimos plantas, fungos, minerais…moléculas, químicos mesmo que de origem biológica, e manipulamo-nos à procura da sua mais-valia terapêutica. É impressionante o que a nossa tenacidade nos levou a evoluir, a buscar.

Nisto se enquadram as moléculas que vingaram e as que não foram facilmente rotuláveis, pois o seu efeito terapêutico era questionável. Por exemplo, a heroína…essa que foi inicialmente descoberta por investigadores de uma empresa multinacional farmacêutica como meio de aumentar o endurance de soldados americanos.

Entre outros psicotrópicos, surge o LSD25 (abreviação de dietilamida do ácido lisérgico) é uma substância que lembra outras substâncias presentes em um cogumelo, a Claviceps purpúrea.
Esta molécula foi um produto sintetizado laboratorialmente a partir deste fungo e é simplesmente potentíssima para o ser humano. O LSD25 é tão potente que pequeníssimas doses, de 20 a 50 microgramas já produzem alterações mentais. O que se descobriu foi uma droga muito poderosa que induz alucinações sensoriais, que centram o consumidor no “eu” intensamente. Induz uma viagem (trip) à psique interior, a encontrar respostas a perguntas nunca feitas e a vivenciar através dos sentidos como nunca anteriormente feito. O seu efeito inicia-se 30 a 90 minutos após a toma e dura até 6 horas…

Observando de fora tenho a percepção que nem consigo imaginar a sensação que possa causar, mas permite-me conjecturar sobre o papel que isto possa ter sobre a condição humana, essa sacana. Procuramos respostas por todos os meios possíveis não é verdade?
Muitos já se questionaram que se a resposta não está lá fora, pode estar cá dentro e olhando objectivamente, à primeira vista, LSD até não é mau pensado. Senão vejamos: causa tolerância mas esta termina quando se deixa de consumir, não tem efeitos secundários físicos de grande importância, talvez alguma fadiga com consumo crónico. Claro que altera a personalidade, pois está-se centrado no “eu” e num estado desinestesia. É um conceito fantástico, pois provoca sensações como ouvir uma cor, ver um som, ou seja, as sensações auditivas traduzem-se em imagens e as imagens em sons.

Mas há o reverso da medalha que é o desconhecido, do mesmo modo que há viagens psicadélicas belas e sensacionais, também há a hipótese de uma demoníaca, depressiva, sufocante, durante perto de 6 horas. Embora através dos anos certos condicionalismos foram documentados, há sempre esse risco. Outro risco, e talvez o pior, seja o da dependência psicológica permanente: as experiências vivenciadas revelaram-se tão sublimes, que o desejo de as repetir se torna incontornável.

E é isto, no essencial é isto, a vida define-se por escolhas e consequências e acima de tudo gerir tudo isto. Trabalhar com o que se tem, mas gerir com o que é que se trabalha, este é o meu lema…se não o costumo dizer é porque é bastante longo e não me lembro dele muitas vezes.