Desde à uns 6 anos que vou uma vez por ano à neve, principalmente a Andorra. Não há nada que se lhe compare, ao ponto de não trocar aquela semana por nada. Para variar um pouco, este ano são 2 semanas...para testar o enfastio.
A paisagem muda radicalmente, irrompem as montanhas e os últimos 100km que as circulam e trespassam. São os piores, mas os olhos e a música amenizam e até põe para segundo plano as intermináveis curvas. Aos poucos e poucos a neve vai surgindo nos cumes e o ocre vai sendo substituindo pelo inerte e ofuscante branco...estou a chegar.
O maior esforço é sempre no primeiro dia, quando se insere o pé, qual chispe rijo e olvidado. As botas de sky adormecidas à 1 ano demoram a despertar e os primeiros calores aparecem ainda antes de se chegar às pistas.
Ao colocar os esquis próximo do meio mecânico, a mente parece que já está nostálgica e a sensação de dejà vú é continua: a neve parece sempre a mesma, mesmo que a estância seja sempre diferente. Relembra-me a primeira vez que coloquei os esquis, numa pista tão pouco inclinada que já perto do fim se tinha que empurrar com os bastões para chegar a um dos dois puxa-rabos que aquelas duas pistas tinham.
Falo do Parador Canaro, a caminho de Pal vindo de Andorra la Velha. Eram uns apartamentos à beira da estrada, com uma esplanada e aquelas duas pistas com inclinação de 10 metros, que no mundo branco é uma anedota...uma das que me faz sempre rir antes de encaixar as botas nos esquis.
Nenhum outro desporto me faria acordar tão cedo de manhã, mesmo sem qualquer preparação física, os resultados são os mesmos. A tranquilidade, mesmo por entre os gritos de regojizo e risadas, é insuperável...o ar toca no som de uma maneira que faz parecer tudo música e o inspirar fundo ganha novo significado.
Não há retrocesso nem tão pouco estagnação, pelo contrário, há uma constante evolução da técnica e mais importante ainda, há uma renovação do prazer...sem o mínimo sinal de tédio. Até parece que estou a vender o meu peixe...congelado, mas a catarse é assim.
Mesmo assim, pensei que esquiando o dobro consecutivamente me iria deixar minimamente agastado, mas o que aconteceu foi que a cada dia que passava, a fluidez era maior, assim como o prazer. Contudo, também é de notar que o tempo melhorou de dia para dia, assim como o companheirismo.
Como estava num nível acima dos colegas com quem me dou mais, andei algum tempo sozinho. Ao princípio receei, mas pouco depois já estava a adorar e esse sentimento não se alterou, pois nunca me sentia isolado, pois é um desporto individual, ouvia a minha língua constantemente e a paisagem, o ar, a pureza...havia sempre algo para desfrutar, algo que só pode ser comparável às ondas do mar no crepúsculo. E o sibilar dos esquis a planar na neve, aquele som, aquela sinfonia...faltam-me os adjectivos.
No último dia, manhã cedo, senti que poderia ali ficar outro tanto tempo, então forcei mais durante o dia, para não ficar remoer. Saí das pistas de rastos, exausto, de nariz luzidio, mas acima de tudo...feliz.
Mal posso esperar pelo ano que vem...Pas de la casa não será inolvidável.
A paisagem muda radicalmente, irrompem as montanhas e os últimos 100km que as circulam e trespassam. São os piores, mas os olhos e a música amenizam e até põe para segundo plano as intermináveis curvas. Aos poucos e poucos a neve vai surgindo nos cumes e o ocre vai sendo substituindo pelo inerte e ofuscante branco...estou a chegar.
O maior esforço é sempre no primeiro dia, quando se insere o pé, qual chispe rijo e olvidado. As botas de sky adormecidas à 1 ano demoram a despertar e os primeiros calores aparecem ainda antes de se chegar às pistas.
Ao colocar os esquis próximo do meio mecânico, a mente parece que já está nostálgica e a sensação de dejà vú é continua: a neve parece sempre a mesma, mesmo que a estância seja sempre diferente. Relembra-me a primeira vez que coloquei os esquis, numa pista tão pouco inclinada que já perto do fim se tinha que empurrar com os bastões para chegar a um dos dois puxa-rabos que aquelas duas pistas tinham.
Falo do Parador Canaro, a caminho de Pal vindo de Andorra la Velha. Eram uns apartamentos à beira da estrada, com uma esplanada e aquelas duas pistas com inclinação de 10 metros, que no mundo branco é uma anedota...uma das que me faz sempre rir antes de encaixar as botas nos esquis.
Nenhum outro desporto me faria acordar tão cedo de manhã, mesmo sem qualquer preparação física, os resultados são os mesmos. A tranquilidade, mesmo por entre os gritos de regojizo e risadas, é insuperável...o ar toca no som de uma maneira que faz parecer tudo música e o inspirar fundo ganha novo significado.
Não há retrocesso nem tão pouco estagnação, pelo contrário, há uma constante evolução da técnica e mais importante ainda, há uma renovação do prazer...sem o mínimo sinal de tédio. Até parece que estou a vender o meu peixe...congelado, mas a catarse é assim.
Mesmo assim, pensei que esquiando o dobro consecutivamente me iria deixar minimamente agastado, mas o que aconteceu foi que a cada dia que passava, a fluidez era maior, assim como o prazer. Contudo, também é de notar que o tempo melhorou de dia para dia, assim como o companheirismo.
Como estava num nível acima dos colegas com quem me dou mais, andei algum tempo sozinho. Ao princípio receei, mas pouco depois já estava a adorar e esse sentimento não se alterou, pois nunca me sentia isolado, pois é um desporto individual, ouvia a minha língua constantemente e a paisagem, o ar, a pureza...havia sempre algo para desfrutar, algo que só pode ser comparável às ondas do mar no crepúsculo. E o sibilar dos esquis a planar na neve, aquele som, aquela sinfonia...faltam-me os adjectivos.
No último dia, manhã cedo, senti que poderia ali ficar outro tanto tempo, então forcei mais durante o dia, para não ficar remoer. Saí das pistas de rastos, exausto, de nariz luzidio, mas acima de tudo...feliz.
Mal posso esperar pelo ano que vem...Pas de la casa não será inolvidável.
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