sábado, julho 09, 2005

Direito de Pensar

Um ser humano tem necessidades, tem ímpetos pessoais. Procura-se o melhor de nós mesmos, descobrir a nossa mente e reinventarmos a nossa maneira de pensar. Poderá não priveligiar o futuro, mas permite uma auto-aprendizagem que em tudo nos faz evoluir.

Mas que é feito do tempo?
Olha-se para trás e vê-se a Antiga Grécia, vê-se Platão a deambular a ensinar, a dialogar com os seus alunos, os seus súbditos. Ele acorda de manhã, passeia-se pelo prado de sandálias com a mão a contorcer a barbicha e a pensar…a teorizar. Depois confrateniza com os seus, debate, aprende. Naquele tempo tudo era simples, as uvas eram fartas…havia tempo.
Sendo o Homem tal figura de evolução, a sua necessidade de se auto-superar resultou em marcos históricos, em invenções que melhoraram a qualidade de vida dos que delas usufruíram.

Tudo o que é inventado tem como objectivo o retirar fardos às pessoas, a facilitarem a sua vida para que tenham tempo para fazerem outras coisas, para se reinventarem.
Mas sendo o Homem tal figura de evolução, esse tempo é absorvido pela tal busca de algo mais. Porque é que raio não se pára? O futuro pode esperar, porque queremos tudo e queremos já? Não mais parece haver tempo para parar.
Enquanto que naquele tempo (Antiga Grécia) as aulas era o puro debate argumentativo de ideias sob o solarengo pôr-do-sol, agora devido ao crescimento da população e a inventividade de todos estes anos levou a uma alteração de sistema de educação, no qual os conhecimentos são maioritariamente impostos pela figura mentora: o professor.

Não estou a criticar, apenas quero salientar a enorme discrepância de aprendizagem, pois actualmente é tal a parafenárlia de metas que foram cruzadas, de objectivos que foram atingidos que faz com o comum estudante não se deixe de sentir minimamente frustrado.
Pois é…tornamo-nos vítimas do nosso próprio sucesso. O nosso período escolar é passado a internalizarmos mais nomes que acções. Somos confrontados com os feitos de outros constantemente e tal deveria ser contrabalançado. O incentivo ao pensamento subjectivo, o ensinar a pensar tem de ser fundamental para que o peso dos antecedentes não nos espezinhe.
Independentemente de tudo isto, em que pé estamos? Quando as coisas eram simples, havia tempo para pensar, agora que tudo se fez para que nós tenhamos cada vez mais tempo: máquinas de lavar, cozinhar, transportar etc continuamos sem tempo para o que nos satisfazia nos primórdios: pensar por nós próprios, debater ideias, dialogar, raciocinar.

Mesmo sem querer, sinto-me mal quando deveria estar a estudar e estou a ter uma conversa filosófica com um amigo. Chego a dizer a mim mesmo “Que perda de tempo, podia estar a estudar”…ora eu não quero viver num mundo assim. Qual é a pressa? Porque sentimos que o que nos rodeia mais directamente nos ocupa o tempo inteiro? Sem espaço de manobra sou um recluso da minha própria vida.
Como se tudo isto não bastasse, entre as invenções, algumas fazem as pessoas crer que pensar por si só é trabalho e é escusado, pois a televisão entre outros meios entrega a informação directamente, por isso nem tal requer engenho para ser obtido. Embora de extrema comodidade, tal vai-se tornando um handicap, pois qualquer músculo se não for exercitado arrisca-se a atrofiar. E embora estudemos e obtenhamos os nossos diplomas, o caminho que a sociedade contemporânea nos leva é a de total especialização no qual o debate de ideias fora da área de especialização se torna medíocre pela tal falta de capacidade de pensamento subjectivo e interior.
Quando digo que gosto de filmes que me façam pensar é apenas juntar o útil ao agradável: qualidade de vida e exercitar a massa cinzenta…

Tudo o que digo é racionalização para o bem da nação, não queremos certamente ser uns meros escravos da nossa própria existência e com falta de imaginação, será concerteza isso que acontecerá.