sexta-feira, dezembro 09, 2005

Trechos de algo eternamente inacabado

Momento

Às vezes olho para o relógio,
quero sentir a tranquilidade
de saber o tempo
saber que ele não pára.
Criar o momento,
observando todos os objectos em redor,
estabelecer um padrão que não existe
porque é único e irrepetível

E por vezes olhar de soslaio
para o que acabei de observar,
procurar outra perspectiva, tentar identificar
um sentido, algo de palpável
que nunca lá parece estar;

Mas não vale a pena, porque
já passou.
nada interessa quando já é passado,
passará a ser apenas mais um artefacto de areia
na memória.
E à medida que o tempo passa,
o vento vai transformando-os
em dunas, em cinzas
em vestígios de algo imperceptível

Porque a estrada parece ser única
e tem apenas um sentido: em frente.
Os desvios surgem quando sem querer
olhamos para o lado, e
por apenas um instante,
fazemos um desvio.
Para a mente o imperceptível não existe
e assim, a estrada continua
em frente
em direcção ao horizonte,
ruma sempre ao horizonte.

_-_-_-_-_- / / -_-_-_-_-_-_-_

Nota: este a seguir é o meu preferido


Despertar

Penso e acordo
Penso no que estava a pensar
Estava a sonhar
que tinha um pensamento

Mas em que pensava durante
um sono?
Não me é definido,
não foi um pesadelo,
não foi um sonho.
Estaria acordado?

Não sei.
Penso mais um pouco...
...e acordo.
Que sonho foi este que tive?
Vou pensar...

P.S: estes textos são dedicados à Ana, cuja pressão me pôs a escrever outra vez.
O que não consegues pela desígnio fundamentado, conseguirás pela perseverança, caso contrário, pode-se sempre falar do tempo.